quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A Casa dos Caracóis da Calçada de Carriche (1960 - 1967)

Nos anos 60 do séc. XX, Alfredo António Esteves, conhecido como o Ti Alfredo da Seara, por ter nascido no lugar da Seara, em São Martinho de Coura, estabeleceu-se com a “Casa dos Caracóis” no nº 109 A da Calçada de Carriche.

Era uma taberna castiça, instalada num edifício antigo de um só piso, com um recinto que servia de esplanada, no mesmo lugar, onde tinha existido um lendário retiro de fado, na quinta de Nova Cintra. 

Este era um lugar por tradição consagrado ao fado, frequentado pelos apreciadores de petiscos e de um bom vinho.

Fotografia de Artur João Goulart, 1965, Arquivo Municipal de Lisboa

Um dia encerrou as suas portas, devido às fortes cheias da noite de 25 de novembro de 1967, que atingiram de forma dramática esta zona da cidade de Lisboa, destruindo os haveres e os sonhos das gentes que ali se tinham estabelecido.

Após as cheias de 1967, o edifício foi condenado à demolição, porque a Câmara Municipal tinha um projeto de alargamento da Calçada de Carriche. 


Em 1971, ainda se mantinha em pé, mas já estava muito degradado.



Fotografia de autor não identificado, 1971, Arquivo Municipal de Lisboa


Fotografia de Goulart, João Hermes Cordeiro Goulart, Arquivo Municipal de Lisboa

Mas o Ti Alfredo da Seara e a sua mulher D. Albertina Gonçalves da Costa, não se renderam ao fatalismo. Tinham aprendido desde muito cedo a lutar pela vida e decidiram começar tudo de novo. Abriram outra “Casa dos Caracóis”, uns quilómetros mais para norte, na Póvoa de Santo Adrião, que nessa época ainda era uma zona rural de quintas e olivais.

Voltou assim a renascer a “Casa dos Caracóis", na Rua Marechal Craveiro Lopes, 9 A, na Póvoa de Santo Adrião. 

E ainda hoje lá existe.

Fotografia de Filomena Viegas, 2008

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