terça-feira, 26 de abril de 2016

O Padrão do Senhor Roubado está em obras


Apesar de muitos anos votado ao abandono pelos organismos públicos o Padrão do Senhor Roubado continua a ser um local de culto popular.

Há sempre alguém que oferece flores e que mantém a chama acesa de uma lamparina, neste local de culto.

Mas o monumento foi-se degradando, com o passar do tempo, a poluição do trânsito intenso, as cheias cíclicas e até os óleos usados para alumiar o altar, que se entranham nas pedras.


Em tempos havia uma candeia suspensa de uma roldana que alumiava o crucifixo, hoje só resta o cabo de aço. As lamparinas são colocadas nas pedras do altar e os óleos e o fumo acabam por se entranhar nas pedras e vão contribuindo para a sua degradação.



Finalmente este monumento vai receber algumas obras de conservação, com o investimento da Câmara Municipal de Odivelas. Trata-se de fazer a recuperação da cobertura  e da sanca do painel de azulejos.

Merece um reconhecimento por esta obra, em prol da defesa e conservação do património.



Mas é preciso continuar e fazer muito mais.






segunda-feira, 4 de abril de 2016

O Padrão do Senhor Roubado em 1900

Fonte: Arquivo Municipal de Lisboa
Autor: José Artur Leitão Bárcia (1873–1945) 


Fonte: Illustração Portugueza, n.º 91, 31 de Julho de 1905

quinta-feira, 31 de março de 2016

Os transportes no século XIX








Em 1856 foi solenemente inaugurado o caminho-de-ferro em Portugal, 
quando uma composição que transportava a Rainha D. Maria II, 
percorreu o troço Lisboa-Carregado, numa distância de 36 quilómetros. 
A viagem teve a duração de 40 minutos.






























Fontes: 
Almanak Familiar para 1860
Roteiro do Viajante no continente e nos caminhos de ferro de Portugal em 1865

segunda-feira, 7 de março de 2016

A Feira de Loures em 1905


Loures, campo onde se realiza a feira em 1905


Na estrada de Loures a caminho da feira , em 1905

Jogos na Feira de Loures em 1905


A chegada das lavadeiras a Loures em 1905


A caminho da Mealhada, próximo de Loures

Fonte: Revista Illustração Portugueza, n.º 91, II Ano, 31 de Julho de 1905

O Matadouro do Senhor Roubado

uma indústria insalubre, incómoda e perigosa

O matadouro do Senhor Roubado foi construído de raiz para esta função, entre 1875 e 1878, segundo atestam vários documentos da época.

De acordo com o Decreto de 21 de Outubro de 1863, competia aos governadores civis concederem a licença de autorização para a fundação de novas fábricas, oficinas e outros estabelecimentos considerados insalubres, incómodos e perigosos, de 1.ª e 2.ª classe.

Para obter autorização obrigatória, os requerentes tinham de apresentar, entre outros documentos, «a planta e o plano geral descritivo do futuro estabelecimento industrial, a designação precisa do lugar onde irá ser fundado e suas confrontações, assim como uma exposição circunstanciada do processo fabril e designação dos aparelhos que hão de ser empregados na produção de artefactos».

Pinho Leal na publicação “Portugal antigo e moderno” ao descrever o Concelho dos Olivais, afirma o seguinte: «Vai construir-se um Matadouro Municipal no sítio do Senhor Roubado (Ameixoeira), o qual, segundo a planta já aprovada, deve ficar majestoso e com as precisas condições de asseio e salubridade. O governo autorizou esta construção em Junho de 1875.»

Um outro documento oficial é a ata da sessão de 11 de Dezembro de 1873 da Câmara Municipal dos Olivais, que revela o processo de aquisição do terreno para a construção do matadouro: «Nesta reunião apresentou se João Alfredo Azevedo como procurador do Excelentíssimo António Maria de Brito Pereira Pinto Guedes Pacheco, competentemente autorizado para tratar com a Câmara, sobre o preço de expropriação de 2,600 metros de terreno da Quinta do Senhor Roubado, ou Painel das Almas, que são precisos, para a construção de um matadouro municipal, e por isso concordou na cedência dos ditos 2,600 metros pela quantia de 2500$000 réis, com a cláusula de que caso não seja levada a efeito a obra projectada, tornar a ser lhe entregue o dito terreno, restituindo ele, a quantia que tiver recebido, o que foi aceite pela Câmara.»

A licença de construção foi passada pelo Governo Civil de Lisboa, em 27 de Dezembro de 1973: «Faço saber que havendo a Câmara Municipal do Concelho dos Olivais requerido licença para, na conformidade com o decreto de 21 de Outubro de 1863, fundar um matadouro municipal na quinta denominada Painel das Almas no sítio do Senhor Roubado, freguesia do Lumiar do referido concelho, e atendendo a que o estabelecimento de que se trata está compreendido na segunda classe das tabelas, anexas ao dito decreto, e vai ser fundado em lugar apropriado ao fim a que é destinado; considerando que o respectivo processo correu os seus devidos termos, sem oposição e com o voto favorável do delegado de saúde, do director das obras públicas e do conselho de distrito, usando da faculdade que me confere o artigo quarto do já citado decreto, pelo presente alvará concedo à referida câmara, a licença que pediu».

Em 28 de Julho foi efectuado o registo de propriedade de «um terreno com 2.600 m2, destinado para o matadouro municipal do concelho dos Olivais e separado da quinta do Senhor Jesus Roubado ou do Painel das Almas, situado na freguesia da Ameixoeira, no valor de 2.500$000 réis.

Para a construção deste Matadouro, a Câmara Municipal dos Olivais pediu um empréstimo ao Banco Lusitano, no valor de 7.000$000 réis, como consta do seu orçamento de 1875/76. O orçamento suplementar de 1877/78 contempla mais 2.000$000 réis, para concluir as obras de construção do matadouro municipal.

Em reunião de 7 de Fevereiro de 1878, a Câmara dos Olivais decide pedir autorização para criar o pessoal para o serviço dos matadouros públicos do concelho.

No entanto, um ofício do governador civil de Lisboa, Henrique de Barros, dirigido ao ministro dos negócios do reino, em 30 de Março de 1878, revela que a obra ainda não estava concluída «Tenho a honra de informar V. Exa. que o único matadouro da Câmara Municipal do Concelho dos Olivais, no sítio do Senhor Roubado, Freguesia do Lumiar, ainda não está em exercício, nem mesmo em condições de ser prontamente aberto».

Perante esta informação o Ministro dos Negócios do Reino responde, no dia 1 de Abril de 1878: «Pede a Câmara dos Olivais autorização para criar o pessoal preciso para o serviço dos matadouros públicos do concelho. Perguntou-se ao presidente do concelho, se estes estabelecimentos estavam nas circunstâncias operacionais e ele responde que o único matadouro que existe no concelho não está em condições de ser prontamente aberto. É inútil por agora a criação de pessoal para aquele matadouro e ainda menos para os auxiliares que não existem.»

Pela análise desta correspondência conclui-se que a obra do matadouro ainda não estava acabada em 1878, e que não chegaram a ser construídos os dois matadouros auxiliares, inicialmente planeados.


O pátio do Matadouro em 1905

O interior do Matadouro em 1905

Fonte: Revista Illustração Portugueza, n.º 91, II Ano, 31 de Julho de 1905


ARRABALDES DE LISBOA (1905)


«O Lumiar fica quase adentro de portas a vila, lá fora é o Senhor Roubado e todas as pitorescas varzeas de Odivelas e arredores. É uma campina verde agora perdida pelas linhas da circunvalação, toda uma beleza evocativa que se busca aniquilar. 

À saída da aldeola rústica fizeram um matadouro cuja prosa é quebrada pelo cantinho histórico, onde ainda arde uma lâmpada iluminando os azulejos sagrados.

No tempo de D. Afonso VI, quando o rei ia por Odivelas em cata dos olhares e dos carinhos da bela soror Feliciana de Milão, houve certo individuo, mal afamado, de ruim porte, que roubou uma imagem no convento com algumas caixas de sacras partículas e receando das justiças as foi enterrar no local onde mais tarde se levantaram os símbolos atestados desse atentado.

O homem foi enforcado depois de todas as cerimónias e castigos próprios do acto e ainda hoje os forasteiros podem ver à saída do Lumiar os transes por que ele passou, marcados sinistramente nesses azulejos que as pedradas dos garotos têm destruído em parte. São todos os seus tormentos, desde a prisão à forca que ali se expõem, enquanto, nas noites, a lâmpada talvez ainda desse tempo da crença, alumia um pequeno nicho e espalha claridades sobre as cenas pintadas na ladrilhagem.

As portas da cidade ficam a dois passos, pela nova reforma fiscal e nelas se especam os guardas, tirando todo o encanto dessa natureza magnificamente pródiga do lugar.» 

Fonte: Revista Illustração Portugueza, nº 91, II Ano, 31 de Julho de 1905.


O monumento do Senhor Roubado, 1905


A fonte de Carriche, 1905



A fonte do Senhor Roubado, 1905


Uma eira: joeirando o trigo

Uma eira: o esmoinhar do trigo











quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Janus - O Senhor das Portas



Janus é um deus de origem pré-latina, muito cultuado pelos romanos. É representado com duas faces, que olham em direções opostas, simbolizando o passado e o futuro.
Foi em sua homenagem que o mês de janeiro recebeu este nome, o "mês de Janus". 
Sendo o primeiro mês do ano, contem ainda um pouco do passado e a promessa do futuro, sempre renovada no início de cada ano, que abre um novo ciclo de atividades.
A mitologia conta que Janus era um homem mortal, que teria nascido em Tessália, situada na Grécia e que teria viajado para Lácio (Lázio), na região da Itália central, onde casou com a rainha, dividindo assim o reino.
Após a morte da rainha, Janus passou a governar, sozinho, todo o território.
Durante o seu reinado, implementou muitas mudanças, promovendo o desenvolvimento científico, a criação de leis, o aperfeiçoamento do cultivo das terras, e introduzindo o cunho das primeiras moedas de bronze, estabelecendo em Lácio,  um período de paz e de grande prosperidade.
Na morte, Janus adquiriu o estatuto de divindade, devido à sua vida dedicada às transformações, como símbolo da dualidade de um homem grego que se fez deus. 
Ficou conhecido como o deus dos inícios, das decisões e por isso também foi considerado o deus das mudanças e das transições entre o passado e o futuro.
Era o porteiro celestial, o Senhor das Portas e dos Portais, responsável por abrir as portas para o "ano-novo".
E todas as portas se abrem e se fecham, e permitem a passagem, nos dois sentidos.
É preciso fazer escolhas e ousar a passagem.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Origem de Olival Basto


Apesar de existirem alguns escritos sobre a localidade de Olival Basto no Concelho de Odivelas, até à data não se sabe bem qual é a origem desta localidade.

No site da União das freguesias de Olival Basto e Póvoa de Santo Adrião Lê-se o seguinte:
«A Freguesia de Olival Basto começou por ser um simples lugar da Freguesia de Loures e era constituído essencialmente por um pequeno aglomerado de casas à beira da estrada ao fundo da Calçada de Carriche, aglomerado esse denominado: Vila Carinhas, Vila Amália, tendo já desaparecido Vila Cesteiro e Casal da Mota.

Era o primeiro aglomerado populacional com que o forasteiro se deparava ao sair de Lisboa, a caminho de Loures, Malveira, Mafra e Torres Vedras.

Várzeas e terras férteis, com olivais nas colinas, outrora coroados de moinhos de vento, ainda em 1822, era navegável o afluente do Rio Trancão que a atravessava, e que agora é conhecido como Ribeira de Odivelas.

Era nessa época, que vinham de todos os lados homens e mulheres para a apanha da azeitona, aos quais na época lhes davam o nome de malteses.

Foi nas décadas de 30, 40, 50 e 60 do século XX, que começaram a formar-se os núcleos de habitação social, que veio a provocar arranque para aquilo que é hoje o Olival Basto, Quinta da Várzea, Quinta da Serra e Cassapia.»

http://www.uf-povoaolival.pt/a-freguesia/historia.html

No site da Camara Municipal de Odivelas lê-se o seguinte:

«Em 1822 caracterizava-se por várzeas e terras férteis, com olivais - que poderão estar na origem do seu topónimo -, e que atraíram populações oriundas de outros pontos do país - os "malteses", para a apanha da azeitona.
As primeiras décadas do Século XX, são marcadas por um grande desenvolvimento em termos de ocupação de espaço, devido à sua localização geográfica. Nascem nesta altura os primeiros núcleos de habitação social. Este fenómeno origina as vilas e os pátios, dos quais alguns ainda hoje subsistem.
Este território já pertenceu a Loures, Ameixoeira e Póvoa de Santo Adrião.
Em 2013, por força da Reforma administrativa do Poder Local, esta Freguesia foi agregada à da Póvoa de Santo Adrião, passando a designar-se por União das Freguesias da Póvoa de Santo Adrião e de Olival Basto.
É uma das portas de entrada do Concelho de Odivelas.»


O nome deste lugar encontra-se já em registos do início do séc. XIX:



sábado, 6 de fevereiro de 2016

“RETIRO” Restaurante Boite 1958-1960

O RETIRO” Restaurante, Boite, Dancing, foi inaugurado no dia 25 de outubro de 1958, no mesmo edifício onde tinha funcionado o Restaurante "O Patrício". Ficava situado ao 1.º Km da estrada de Loures, à saída de Olival Basto.

Na direção deste restaurante estava o cantor tenor Raul Proença, com um vasto programa de atrações nacionais e estrangeiras, danças regionais e fados e guitarras e música para dançar  com a Orquestra de Almeida Cruz "A Boémia". 

Era um espaço de diversão classificado para adultos (maiores de 17 anos), aberto durante toda a noite.

Às 5 horas da madrugada havia churros e chocolate à “La Española”. Os churros eram uma oferta do Retiro.

Neste restaurante cantavam os fadistas António Pires (fadista e letrista) Cecília de Jesus, Isaura Gonçalves acompanhados pelos músicos Daniel Freitas e Miguel Silva. havia também bailarinas e cançonetistas espanholas e o conjunto musical Victor Bonjpour.


(1960) Diário de Lisboa, N.º 13384, Ano 39,14 de Março de 1960, Fundo Documentos Ruella Ramos,
Arquivo Fundação Mário Soares

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Restaurante Roseiral (1958-1965?)

O Restaurante "Roseiral" instalado num moderno edifício construído nos finais dos anos cinquenta do século XX, ficava situado na antiga estrada de Lisboa Loures, à saída do Olival Basto, próximo da ponte sobre o rio que conduz à Póvoa de Santo Adrião.
Era um restaurante moderno com "Sistema Americano", onde se falava francês e inglês.
Servia banquetes de baptizados, casamentos e aniversários. E também havia fados e guitarradas.

Fotografia de Artur João Goulart, 1962, Arquivo Municipal de Lisboa


Curiosamente, por volta de 1966,  no mesmo edifício foi instalado o "Externato Caravela de Portugal".


Fotografia de João Hermes Cordeiro Goulart, 1968, Arquivo Municipal de Lisboa

Este edifício ficou bastante danificado com as grandes inundações de 25 de novembro de 1967, que atingiram a região de Lisboa, mas resistiu à intempérie e foi recuperado.


Actualmente é a sede da "União Desportiva do Olival Basto".

Fotografia de Filomena Viegas, 9-3-2016






domingo, 31 de janeiro de 2016

Restaurante Típico "PATRÍCIO" (1949-1957)

Este restaurante foi inaugurado no dia 31 de dezembro de 1949, no edifício do antigo “Retiro da Ti Jaquina”, completamente remodelado, com várias salas para banquetes e uma aprazível esplanada. 
Ficava situado no “Casal do Olival Basto”, como era designado na época este lugar, ao 1.º quilómetro da estrada de Loures, junto à ponte sobre o rio. Tinha uma sucursal na Feira Popular de Lisboa, na Avenida Mandarim, frente ao lago, com diversos pratos regionais e os apreciados franguinhos no espeto.
Uma das proprietárias deste restaurante foi a fadista Lina Maria Alves, irmã da atriz Laura Alves.
Os novos proprietários do “Retiro da Ti Jaquina” pretendiam manter as tradições do passado, numa casa de pasto, onde se serviam banquetes e se cantava o fado todas as noites até ser madrugada. Também havia música para dançar, com a orquestra privativa ”Vida Nova”.

(1950) Diário de Lisboa, nº 10059, Ano 30, 30 de Novembro, Fundo Documentos Ruella Ramos, 
Arquivo Fundação Mário Soares

Alguns fadistas conceituados iniciaram aqui as suas carreiras.
A 14 de dezembro de 1950 estrearam-se neste restaurante Mariana Silva, conhecida como "a miúda do Alto do Pina" e Alfredo Duarte Júnior, filho do consagrado fadista Alfredo Marceneiro.
Em maio de 1952 o elenco artístico era composto pelos artistas privativos: Lina Maria, José da Cruz e Isaura Gonçalves.
Fernanda Maria empregou-se neste restaurante para servir às mesas e aqui começou a cantar o fado. Em 1953, com 16 anos já fazia parte do grupo dos fadistas.
Cantaram também neste restaurante outros fadistas conhecidos: Manuel Fernandes, Adelaide Cardoso “A miúda de Alfama”, Maria da Saudade, Maria da Conceição.
Também tocaram aqui excelentes músicos acompanhantes de fado: António Bessa, José Marques, Nicolau Neves, João Vieira, Carlos Neves, Américo Silva, Acácio Rocha e José Fontes Rocha.
Pela gerência e direção artística passaram também fadistas conceituados fadistas: Manuel Fernandes (1950), Lina Maria (1952), Luís Filipe (1.º semestre de 1956) Moniz Trindade (2.º semestre de 1956) e Mário Paninho (1957).
A ementa deste restaurante era constituída por pratos regionais dos quais se destacam: o Franguinho assado no espeto, o cabrito no forno e o coelho à caçadora.
Esta era a imagem do edifício do Restaurante "o Patrício", já num estado bastante degradado, no final dos anos sessenta do século XX.

 Fotografia de João Goulart, 1968, Arquivo Municipal de Lisboa

Ao fundo da antiga estrada Lisboa Loures, à saída do Olival Basto
Fotografia de João Hermes Cordeiro Goulart, 1969, Arquivo Municipal de  Lisboa

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A Casa dos Caracóis da Calçada de Carriche (1960 - 1967)

Nos anos 60 do séc. XX, Alfredo António Esteves, conhecido como o Ti Alfredo da Seara, por ter nascido no lugar da Seara, em São Martinho de Coura, estabeleceu-se com a “Casa dos Caracóis” no nº 109 A da Calçada de Carriche.

Era uma taberna castiça, instalada num edifício antigo de um só piso, com um recinto que servia de esplanada, no mesmo lugar, onde tinha existido um lendário retiro de fado, na quinta de Nova Cintra. 

Este era um lugar por tradição consagrado ao fado, frequentado pelos apreciadores de petiscos e de um bom vinho.

Fotografia de Artur João Goulart, 1965, Arquivo Municipal de Lisboa

Um dia encerrou as suas portas, devido às fortes cheias da noite de 25 de novembro de 1967, que atingiram de forma dramática esta zona da cidade de Lisboa, destruindo os haveres e os sonhos das gentes que ali se tinham estabelecido.

Após as cheias de 1967, o edifício foi condenado à demolição, porque a Câmara Municipal tinha um projeto de alargamento da Calçada de Carriche. 


Em 1971, ainda se mantinha em pé, mas já estava muito degradado.



Fotografia de autor não identificado, 1971, Arquivo Municipal de Lisboa


Fotografia de Goulart, João Hermes Cordeiro Goulart, Arquivo Municipal de Lisboa

Mas o Ti Alfredo da Seara e a sua mulher D. Albertina Gonçalves da Costa, não se renderam ao fatalismo. Tinham aprendido desde muito cedo a lutar pela vida e decidiram começar tudo de novo. Abriram outra “Casa dos Caracóis”, uns quilómetros mais para norte, na Póvoa de Santo Adrião, que nessa época ainda era uma zona rural de quintas e olivais.

Voltou assim a renascer a “Casa dos Caracóis", na Rua Marechal Craveiro Lopes, 9 A, na Póvoa de Santo Adrião. 

E ainda hoje lá existe.

Fotografia de Filomena Viegas, 2008