terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Diálogos sobre Carriche, Nova Cintra (I)

Na literatura do século XIX encontramos vários diálogos, que nos remetem para o ambiente de Carriche, Nova Cintra.

Quem leu "O Primo Basílio" de Eça de Queirós, publicado em 1878, um romance de sátira aos costumes da burguesia lisboeta, talvez se recorde deste diálogo entre as duas personagens, Leopoldina e Luísa.

«Luísa falou vagamente dos deveres, na religião. Mas os deveres irritavam Leopoldina. Se havia uma coisa que a fizesse sair de si - dizia - era ouvir falar em deveres!...

- Deveres para quem? Para com quem? Para um maroto como o meu marido?

Calou-se e passeando pela sala, excitada:
- E quanto a religião, história! A mim me dizia o Padre Estêvão, o de luneta, que tem os dentes bonitos, que me dava todas as absolvições, se eu fosse com ele a Carriche!

- Ah, os padres... murmurou Luísa.

- Os padres quê? São religião! Nunca vi outra. Deus, esse minha rica, está longe. Não se ocupa do que fazem as mulheres.»

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