sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O RESTAURANTE NOVA SINTRA

O Restaurante de Nova Sintra situado na Calçada de Carriche, na Quinta de Nova Cintra que lhe deu o nome, foi inaugurado a 4 de Setembro de 1948.

    Era um restaurante típico com uma ampla sala, uma esplanada muito arborizada e um parque privativo para automóveis, às portas de Lisboa, onde se cantava o fado todos os dias, até de madrugada.

A entrada para o parque privativo de automóveis e para a esplanada fazia-se pelo n.º 109-A da Calçada de Carriche e o salão do restaurante tinha os números de porta: 111-A, B e C.

Foi nesta época que na Calçada de Carriche se passou a reviver a tradição da boémia lisboeta, que no século XIX tinha  o costume de se concentrar nos retiros das hortas a comer a beber, a ouvir o fado à espera dos touros, que vinham de Frielas e atravessavam a cidade até à praça do Campo de Santana. Neste mesmo local tinha existido um “retiro das hortas” com o nome de Nova Cintra, que data de 1856.

     Alfredo Marceneiro foi o fadista convidado para a inauguração, passando a cantar todas as noites neste restaurante e a assumir a direção artística.

(1948), “Diário de Lisboa”, n.º 9257, Ano: 28, Sábado, 4 de Setembro de 1948, Ed: 1.ª edição, Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos, Arquivo Fundação Mário Soares

Este restaurante passou a ser um ponto de encontro dos apreciadores do fado antigo.

Por aqui passaram as mais admiradas figuras do fado como Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha, Hermínia Silva, Manuel Fernandes, Carlos Ramos, Carlos Duarte (o pirolito da Ericeira), Adelina Ramos, Maria Carmen, Ilda Silva, Maria da Saudade, Fernanda Baptista cantora e actriz de teatro e muitos outros.
Alfredo Marceneiro manteve-se à frente dos fadistas do Nova Sintra até à abertura do seu restaurante “O Solar do Marceneiro”.

       Então, o grande animador deste castiço restaurante-esplanada passou a ser Fernando Farinha, que ficou conhecido como o “Miúdo da Bica”.

(1948), “Diário de Lisboa”, n.º 9297, Ano: 28, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1948Fundo: Documentos Ruella Ramos, Arquivo da Fundação Mário Soares
 
Foi neste castiço restaurante-esplanada que o fadista Fernando Farinha festejou o seu 20.º aniversário natalício, em 20 de Dezembro de 1948, num jantar que foi presidido pela conhecida fadista Hermínia Silva, com a colaboração de diversos artistas do teatro, do fado e da rádio e com a direção artística do poeta popular João Linhares Barbosa.
 
No dia 20 de Outubro de 1949, foi organizada uma festa de homenagem à fadista Hermínia Silva com a inauguração da sala “Hermínia Silva”. Participaram no programa desta festa, além desta popular atriz e cantadeira “Hermínia Silva”, outras grandes figuras do fado: Lucília do Carmo, que tinha a sua casa de fado “A Adega da Lucília do Carmo”, na rua da Barroca, no Bairro Alto, Maria do Carmo que era antiga proprietária da casa de fado “Ferro de Engomar”, Júlio Proença, Áurea Ribeiro e o poeta popular Linhares Barbosa.

      No dia 26 de dezembro de 1949 realizou-se neste famoso restaurante uma ceia e um espectáculo de homenagem ao actor Vasco Santana, com a colaboração de artistas de teatro, fado e da rádio e um grupo de fadistas.

A proprietário deste restaurante era Álvaro Anselmo de Oliveira, que tinha a alcunha de “Álvaro do Cão”.
 
Na direção artística deste restaurante estiveram diversos fadistas conceituados: Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha e Áurea Ribeiro.

      Aos domingos a ementa era especial: caldo verde à transmontana e à alentejana, mariscos de todas as qualidades, gradum de pescada e cabrito à Bairrada. Mas a especialidade da casa era o famoso “Leitão assado à Nova Sintra”.

       Apesar de ter tido grande sucesso, este restaurante acabou por encerrar em 1952 e no mesmo lugar abriu um outro restaurante típico.

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