terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Diálogos sobre Carriche, Nova Cintra (II)

«Há muito tempo… isto é, dês que foi a Maria da Fonte e último justiçado, que não apareceu em Lisboa coisa que desse, a toda a gente, mais que falar, de que a parte do código civil, que diz respeito ao casamento civil, ultimamente em discussão na imprensa periódica, no parlamento, e na opinião pública !!!

Entra a gente no barbeiro, o mestre prepara-se para nos escanhoar cientifica e teoricamente por um pataco e diz-nos:

- Então, o que nos diz o senhor ao casamento civil?

Vai uma pessoa ao teatro da rua dos Condes, compra um bilhete de assinatura, ao Faria camaroteiro, paga-o e quando se dispõe a entrar na plateia, diz-nos o camaroteiro:

- Então o que nos diz o senhor ao casamento civil?

Vamos à Nova Cintra, chamamos o amável Theotónio de Carriche, ele aparece jovial como uma freira que foi eleita abadessa, encarece-nos a água da mina, conta-nos duas histórias em vigésima edição, e depois de lhe pedirmos a “meia assada” e “pato com arroz” e de gritarmos pela sr.ª Thomázia para nos servir azeitonas e conserva-brejeira, pergunta-nos o ratão do Theotónio:

- Então o que nos diz o senhor do casamento civil?»

In Casamento civil?  Coisas para rir, narrativa de ocasião, Lisboa, Livraria Verol, 1866.

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