«Há muito tempo… isto é, dês
que foi a Maria da Fonte e último justiçado, que não apareceu em Lisboa coisa
que desse, a toda a gente, mais que falar, de que a parte do código civil, que
diz respeito ao casamento civil, ultimamente em discussão na imprensa
periódica, no parlamento, e na opinião pública !!!
Entra a gente no barbeiro, o
mestre prepara-se para nos escanhoar cientifica e teoricamente por um pataco e
diz-nos:
- Então, o que nos diz o
senhor ao casamento civil?
Vai uma pessoa ao teatro da
rua dos Condes, compra um bilhete de assinatura, ao Faria camaroteiro, paga-o e
quando se dispõe a entrar na plateia, diz-nos o camaroteiro:
- Então o que nos diz o
senhor ao casamento civil?
Vamos à Nova Cintra,
chamamos o amável Theotónio de Carriche, ele aparece jovial como uma freira que
foi eleita abadessa, encarece-nos a água da mina, conta-nos duas histórias em
vigésima edição, e depois de lhe pedirmos a “meia assada” e “pato com arroz” e
de gritarmos pela sr.ª Thomázia para nos servir azeitonas e conserva-brejeira,
pergunta-nos o ratão do Theotónio:
- Então o que nos diz o
senhor do casamento civil?»
In Casamento civil?
Coisas para rir, narrativa de ocasião, Lisboa, Livraria Verol, 1866.
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